Para quem ainda tem dúvidas se estou a encher chouriços enquanto não escrevo algo de jeito, deixo um texto sobre a idade e o futuro da vida. Continuo a rever-me em muito do que escrevi, mais ainda pela minha experiência enquanto médico.
É o último texto antigo, prometo, a partir de agora é sempre a avançar!
Publicado no blog "CCC" em 07/01/2010
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Hoje um homem disse-me: "É verdade que somos bebés duas vezes: quando somos nascidos, não sabemos nada, temos de aprender a temos de usar fralda e de ser ajudados a comer e em tudo, irritamo-nos, não sabemos ainda pensar, falar, andar como deve ser; quando envelhecemos volta-se a ser bebé..." ou qualquer coisa assim parecido (o homem foi sucintamente explícito de forma que não sou capaz). Realmente nunca tinha pensado bem nisso, apesar de ser bastante óbvio... Somos bebés 2 vezes... Reflictamos um pouco... hmm... bom, na verdade o homem tem alguma razão... no fim, no fim, todos voltamos para dentro de um buraco... Agora a sério, acho que ignoramos geralmente a fragilidade e imprevisilidade da vida, e o mundo de hoje desenvolveu-se com base nesse viés. Mesmo para os sortudos, estamos todos a caminhar para bebés... ou serão sortudos os que lá não chegarem? é a última infância uma consequência final da busca incansável pela maior longevidade possível? E isso é bom?... ou mau?... ou estas questões quedarão eternamente sem resposta até decidirem fazer renascer um homem da própria célula de que morreu, para que a morte não seja mais do que um intervalo enquanto o computador analisa os dados e o ovo é implantado numa incubadora de produção em série?... Faz-me pensar em Brave New World, um dos grandes livros sobre a ética da clonagem e selecção artificial e tecnológica humana. Mas isso é outro assunto... Desculpem lá isto, não tava assim tão inspirado afinal...
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